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A Mão e a Luva - Romance de Machado de Assis


Musical A Mão e a Luva - Teatro Correia Lima (Rio de Janeiro, Brasil)


A Mão e a Luva é o segundo romance de Machado de Assis, lançado em 1874 em folhetins de jornal. A história se passa, em sua maior parte, nas chácaras de Botafogo, Rio de Janeiro de meados do século XIX e possui um enredo elegantemente simples, combinando as relações entre seus seis personagens:

- Estevãojovem afetuoso e bom que nascera para amar (Cáp. III), dotado de extremas sensibilidade e fraqueza de ânimo (Cáp. I).

- Seu amigo, Luís Alves, que “via bem com os olhos da cara” e sabia reger as afeições a seu próprio interesse (Cáp. I).

- A protagonista Guiomar, com seu magnifico par de olhos castanhos (Cáp. I), que traziam uma beleza severa, casta e fria (Cáp. III).

- A Baronesa, madrinha que amava Guiomar com amor filial.

- Mrs. Oswald, a governanta inglesa da baronesa, mulher inteligente e sagaz, de boa índole e serviçal (Cáp. IV).

- Jorge, sobrinho da baronesa, que possuía um amor medido e superficial, além de um excessivo esmero pelo bigode (Cáp. VII).

Em um primeiro momento, parece ao leitor que a história girará em torno de Estevão, mas – embora este permaneça até o último capítulo - logo ficará evidente que o protagonismo pertence merecidamente à jovem Guiomar.

Enquanto ela pensa em si mesma, nos seus próprios planos e sonhos, o romance lhe apresenta dois pretendentes que indiretamente disputam a sua mão (ou a sua luva). O amor extravagante de um e opaco do outro se importam mais com a sua própria satisfação do que com o que deseja a amada. No entanto, em meio às secretas tramas infrutíferas para prender o coração da moça, outro amor surge, mais maduro, cativante e correspondente, surpreendendo a todos, inclusive ao próprio amante.

A Mão e a Luva traz a reflexão sobre a liberdade pessoal e faz-nos ver que, mesmo querendo muito bem a alguém, não somos seu proprietário, nem podemos decidir em seu nome. O que nos compete é o respeito por essa liberdade, mesmo que isso nos entristeça, pois o amor é livre e por ser livre, jamais poderá prender.

 

CITAÇÕES

"O pobre rapaz, que folheava o capítulo mais delicioso do romance - no sentir dele -, caiu de toda a altura das ilusões na mais dura, prosaica e miserável realidade" (Machado sobre Estevão).

"O melhor meio de curar o amor era meter-lhe em brios o amor próprio" (Intuição de Luís Alves - Cáp. I).

"As nossas paixões não aceleram nem moderam o passo do tempo" (Machado - Cáp. I).

"A natureza tem suas leis impiedosas; e o homem, ser complexo, vive não só do que ama, mas também do que come" (Machado. Cáp. I).

"O amor é uma carta, mais ou menos longa, escrita em papel velino, corte dourado, muito cheiroso e catita; carta de parabéns quando se lê, carta de pêsames quando se acabou de der" (Luís Alves para Estevão - Cáp. I).

"Entro num drama ou saio de uma comédia?" (Estevão - Cáp. III).

"A borboleta fazia esquecer a crisálida" (Machado sobre Guiomar, Cáp. V).

"É melhor, muito melhor contentar-se com a realidade; se ela não é brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir" (Mrs. Oswald para Guiomar. Cáp. VII).

"É próprio da pusilanimidade iludir-se a si mesmo" (Machado sobre Estevão. Cáp. VIII).

"Amores não se encomendam como vestidos; sobretudo não se fingem, ou não se devem fingir nunca" (Guiomar para Mrs. Oswald. Cáp. X).

"O amor nasce muita vez do costume" (Mrs. Oswald à Guiomar. Cáp. X).

"Conselhos não lhe dou nenhuns; o melhor deles não vale a voz do próprio coração" (Mrs. Oswald à Guiomar. Cáp. X).

"Oh meus sonhos! Meus sonhos!" (Guiomar. Cáp. X).

"Sem ideia fixa não se faz nada bom neste mundo" (Luís Alves. Cáp. XIV).

"Tudo é aliado do homem que sabe querer" (Luís Alves. Cáp. XIV).

"Uma vez entendidos, é difícil que dois corações se encubram" (Machado. Cáp. XIV).

"O coração, que perdoaria a um estranho, condenaria ao amigo" (Machado. Cap. XVI).

"Os movimentos do coração não estão nas mãos da vontade" (Luís Alves para Estevão. Cáp. XVI).

"Olhos amantes deliciam-se com letras namoradas" (Machado. Cap. XVII).

"Não! Forçar-me, reduzir-me à condição de simples serva, nunca" (Guiomar. Cáp. XVII).

"Uma noite será bastante para decidir de todo o resto da vida?" (Guiomar. Cáp. VIII).

"As aparências de um sacrifício valem mais, muita vez, do que o próprio sacrifício." (Machado. Cáp. XVIII).

"O coração não se pode dominar, nem há meio de impor-lhe um sentimento" (Mrs. Oswald. Cáp. XVIII).

"Toda alma feliz é panteísta" (Machado. Cáp. XIX).

"A felicidade é isso mesmo; raro lhe sobra memória para as dores alheias" (Machado. Cáp. XIX).


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